O impacto psicológico da guerra: como lidar com a dor de ver tanto sofrimento
As guerras sempre abalaram a humanidade, mas, nos últimos anos, o impacto psicológico desses conflitos tem se tornado ainda mais profundo. Com o avanço da tecnologia e das redes sociais, somos expostos diariamente a vídeos, imagens e relatos chocantes — muitas vezes em tempo real.
Ver soldados sendo atacados, cidades destruídas e famílias fugindo causa uma mistura de tristeza, impotência e medo. Mesmo à distância, esses conteúdos ativam em nós respostas emocionais intensas. Mas afinal, por que isso acontece? E como podemos proteger nossa mente diante de tanta dor?
1. A guerra e o cérebro humano: por que somos tão afetados
O ser humano não foi criado para lidar com violência constante. Nosso cérebro reage a imagens de guerra como se o perigo fosse real e imediato, ativando o sistema de alerta (amígdala cerebral) e liberando hormônios do estresse, como o cortisol e a adrenalina.
Mesmo sem estar no campo de batalha, o corpo entra em estado de hipervigilância — batimentos acelerados, angústia e dificuldade de dormir. Essa reação é natural: o cérebro não diferencia o perigo que está na tela daquele que estaria à nossa frente.
Além disso, a empatia desempenha um papel importante. Quando vemos sofrimento humano, especialmente de pessoas comuns, idosos ou crianças, ativamos os mesmos circuitos cerebrais envolvidos na dor física. É por isso que sentimos um peso real, uma tristeza que parece vir “do peito”.
2. O bombardeio emocional das redes sociais
Hoje, as guerras não acontecem apenas no campo físico, mas também nas telas.
Plataformas digitais transmitem cenas de destruição sem filtros, repetidamente. Esse excesso de estímulos pode gerar fadiga emocional e até insensibilização, quando o cérebro tenta se proteger deixando de reagir.
Mas o preço disso é alto: podemos nos sentir entorpecidos, apáticos ou desesperançosos. Muitos relatam pensamentos como:
“O mundo está perdido.”
“Nada faz sentido.”
“Não aguento mais ver tanta violência.”
Essas reações são sinais de sobrecarga emocional e precisam ser reconhecidas. Ver sofrimento humano todos os dias sem tempo para processar é algo que afeta até profissionais experientes — imagine para quem apenas busca se informar.
3. Quando a empatia dói: o trauma vicário
Há um termo na psicologia chamado trauma vicário. Ele descreve o sofrimento emocional que sentimos ao testemunhar a dor dos outros, mesmo sem viver diretamente aquela situação.
Em contextos de guerra, o trauma vicário é comum em jornalistas, profissionais da saúde mental e até espectadores que acompanham as notícias com frequência. O cérebro absorve as emoções vistas — medo, desespero, luto — e pode desenvolver sintomas semelhantes ao estresse pós-traumático, como:
Pesadelos ou insônia após assistir vídeos de guerra;
Ansiedade e tensão ao ver cenas de violência;
Evitação de notícias ou medo generalizado do futuro;
Sensação constante de insegurança.
Reconhecer esses sinais é o primeiro passo para cuidar da saúde mental.
4. O que podemos fazer para preservar o equilíbrio emocional
Apesar de não podermos controlar o que acontece no mundo, podemos escolher como cuidar da nossa mente diante desses eventos. Algumas atitudes simples ajudam a reduzir o impacto psicológico da guerra:
🧩 1. Limite sua exposição
Evite assistir a vídeos violentos ou ler notícias em excesso. Estabeleça horários específicos para se informar e depois desligue. O descanso mental é essencial.
🌿 2. Cultive pausas e rituais de calma
Após ver notícias difíceis, faça algo que traga paz: ouvir música, caminhar, orar, meditar ou conversar com alguém de confiança. O corpo precisa de um sinal de que “o perigo passou”.
💬 3. Fale sobre o que sente
Conversar sobre a tristeza e a impotência ajuda a elaborar as emoções. Guardar tudo para si pode aumentar o sofrimento.
❤️ 4. Pratique compaixão ativa
Transformar a dor em gesto de solidariedade é terapêutico. Apoiar campanhas humanitárias, orar por vítimas ou promover a paz são formas de dar sentido ao que sentimos.
🧠 5. Busque apoio psicológico
Se o peso emocional for intenso, a terapia pode ajudar a ressignificar o medo e a dor. O psicólogo oferece um espaço seguro para compreender o que essas imagens despertam em você.
5. A guerra como espelho da fragilidade humana
Assistir à guerra é confrontar a nossa própria vulnerabilidade. É perceber que, em qualquer lado, existem vidas que sentem, sofrem e amam — e que a violência nunca é uma solução duradoura.
Ao reconhecer o impacto psicológico da guerra, não estamos sendo frágeis — estamos sendo humanos.
A empatia é um sinal de saúde emocional, mas precisa ser equilibrada com autocuidado. É possível se importar sem se destruir.
Considerações finais
O impacto psicológico da guerra vai muito além das fronteiras dos países em conflito. Ele alcança quem vê, quem sente e quem se preocupa com o sofrimento alheio.
Por isso, cuidar da mente em tempos de guerra não é egoísmo — é preservação emocional. Em um mundo que mostra tanta dor, ser capaz de sentir e ainda escolher o bem é um ato de coragem e humanidade.
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